Pontos de vista... o livro e a leitura

 Computador ou papel e lápis?

Clique na imagem e inteire-se das opiniões.


O que é ler?

Aqui ficam algumas respostas...




Simplesmente... um livro!



Contado por uma professora bibliotecária...



LIVROS DIGITAIS                                                                                  
Mike Matas, da Push Pop Press, uma nova editora de livros interactivos, fala sobRe a nova geração de livros digitais, nas Conferências Ted Talk. Apreciem


O FUTURO DOS LIVROS 

NATIVOS DIGITAIS



 "Como escrevem os escritores?" por João Ventura 

Como escrevem os escritores? Por que territórios da escrita se aventuram para deixar visíveis os rastos no papel? E a que instrumentos recorrem para gravar a consternação do mundo?

Primeiro, há a página em branco que é a praia onde se derrama a escrita. E que pode ser, também, a figura atrás da qual se escondem os rostos dos escritores. Muitos escrevem na banal folha A4 espécie de praia comum e sem surpresas, pronta a ser apagada pela subida da maré, que é como quem diz, a ser jogada no cesto dos papéis sempre que a corrente da escrita segue um curso diferente daquele que o escritor procura.

Mas a praia, qualquer praia de papel, nunca é virgem, a areia da página já foi percorrida de uma ou outra maneira e a sua geografia condiciona a inscrição da escrita. A lápis, com caneta de tinta permanente, com esferográfica ou, mecanicamente, utilizando a máquina de escrever, ou a tecnologia do computador, o suporte da escrita condiciona a sua inscrição.

Heidegger desconfiava da técnica, da máquina de escrever: «A máquina de escrever arranca a escrita ao domínio essencial da mão, ou seja, da palavra». Outros evocam a máquina de escrever como instrumento de escrita a contra-relógio. «Veio-me à memória um [filme] onde um escritor que não tinha dinheiro encontrava o lugar ideal para escrever, a sala de dactilografia da cave biblioteca da Universidade de Austin. Ali, em filas ordenadas, havia uma dúzia de velhas Remington ou Underwood que se alugavam por dez centavos a meia hora. O escritor metia a moeda, o relógio começava o seu tiquetaque enlouquecido, e o escritor punha-se a escrever como um selvagem para acabar o seu conto antes que o tempo se esgotasse» (in Doutor Pasavento, Enrique Vila-Matas). Nesse tempo havia ainda alguma intimidade entre os escritores e as máquinas de escrever, que até tinham nomes de gente: Remington, Olivetti ou de deuses, como Hermes, o deus das mensagens. Eram nomeáveis e fiáveis, à medida do nosso desejo. Delas, disse Clarice Lispector que «O ruído baixo do teclado acompanha directamente a solidão de quem escreve». Talvez por isso, Álvaro Mutis continue, ainda, a escrever na mesma Smith Corona onde inventou Maqrol.

Hoje, os computadores, que têm nomes metálicos, baniram as máquinas de escrever, instaurando uma modalidade de escrita sujeita a margens, barras, menus, ferramentas, conexões, links… que tolhem errância na praia deserta da página, deixando-nos mais sós. Ou talvez não. Para Bragança de Miranda, o seu computador «é uma selva de heterónimos, um drama em máquinas», por isso, estima-o como se fosse a «última máquina». Mas se é verdade que por culpa do computador as máquinas de escrever já quase desapareceram, as ferramentas que são uma espécie de extensão da mão – o lápis e a caneta – resistem, deixando os seus rastos em qualquer folha de papel.

Como Hermann Hesse que escrevia nas costas de folhas de calendário, em facturas, em provas tipográficas, anúncios, sem fazer esboços ou correcções. Ou Novalis que em folhas limpas desenhava belas iniciais como se pretendesse imitar as iluminuras medievais, aventurando-se num romance fragmentário. Ou Hemingway e Bruce Chatwin que escreviam em cadernos moleskine. Ou Robert Walser que escreveu a lápis 526 «microgramas» em folhas separadas: envelopes, margens das folhas dos jornais, formulários oficiais, etc., autênticos labirintos de escrita que levaram vinte anos a ser decifrados e foram recentemente editados em duas mil páginas com o título Território do lápis (para quando a sua edição em Portugal?). Ou Robert Musil cujo fogo da escrita só verdadeiramente incendiava o papel no momento da correcção das provas tipográficas. Ou Jack Kerouac que, num ritmo alucinante alimentado a café e ao som do jazz improvisado, como se fosse um Proust «só que mais rápido», como ele gostava de afirmar, dactilografou Pela Estrada Fora num parágrafo único, sem pontuação num rolo de trinta e seis metros de comprimento que o próprio manufacturou juntando 13 folhas de papel com três metros de comprimento cada uma, coladas com fita-cola e recortadas depois para que pudessem entrar na máquina. «Um único e magnífico parágrafo, de vários quarteirões, rodando, como a estrada em si», disse Allen Ginsberg. Ou Alexander Kluge que escreve, primeiro, num caderno escolar e só depois trancreve para o computador onde redistribui capítulos. Ou António Lobo Antunes que continua a escrever em folhas de prescrição médica do hospital Miguel Bombarda. Ou, numa situação extrema, Vila-Matas que numa viagem de avião, tendo esquecido o diário em casa, transformou o saco higiénico da Ibéria num rascunho de ideias destinadas a uma crónica espasmódica.

Eis como sempre se escreveram os livros, sujeitos às várias modalidades de deambulação pelos territórios do papel, por geografias secretas cujo itinerário o escritor persegue e onde grava com ferramentas pessoais a memória do mundo.

In http://oleitorsemqualidades.blogspot.com/2011/01/escrita-dos-livros.html


O FUTURO DOS LIVROS

Assistimos a uma mudança de paradigma da comunicação em que conceitos como interactividade, colaboração e sociabilidade estão muito presentes. A evolução do objecto livro não pode ficar alheio a estas mutações, tem de as acompanhar e integrar. Na realidade, se examinarmos de perto o livro tecnológico conseguimos perceber que este não é apenas a versão digital do livro físico, é muito, muito mais. Senão vejamos: permite a busca de uma palavra ou expressão, tem um dicionário embutido, imagens animadas, áudio e vídeo, hiperlinks e referências cruzadas com outros livros… efectivamente mais que um objecto, o livro é “o que o livro faz”. Passar-se-á cada vez mais a valorizar a sua função. Assim, mais que discutir o futuro do livro - mesmo que o livro físico desapareça, sempre se poderá imprimir a sua versão digital e encaderná-lo - o que está em causa é o futuro da leitura… Efectivamente, o modo de lermos modifica-se com a introdução das tecnologias; todas as funções acima descritas e muitas outras que no futuro aparecerão permitem e ensinam a ler de forma não linear, fragmentada, sobreposta, múltipla e compartilhada, instantaneamente, e com terceiros.
Hoje, os dois formatos de livro coexistem (vivemos o processo de transição na mudança): o impresso em papel que cresceu ao lado de dezenas de gerações e com o qual todo o leitor que se preze mantém ainda uma saudável dependência psicológica; o electrónico, em formato duro, por enquanto, mas que talvez se possa tornar maleável e dobrável, mais próximo do livro tal qual o conhecemos, num futuro próximo, quem sabe? A tecnologia oferece as opções, nós escolhemos e adoptamos o que mais nos agrada, com a certeza de que ficaremos para trás se insistirmos na continuidade das práticas.
Z.L.

APRECIEM!!!



OS LIVROS TÊM PALAVRAS QUE NOS FAZEM SONHAR



A BIBLIOTECA...

Actualmente a sociedade é marcada pela convivência das tecnologias nas rotinas cognitivas e sociais dos indivíduos, de tal modo que se torna habitual e intuitivo o uso das mesmas, particularmente, das tecnologias da informação e comunicação. As mutações são efectivamente enormes, comunicamos hoje como nunca poderíamos ter imaginado num passado não muito distante. As nossas crianças e jovens são hoje designados de “nativos digitais” e vivem em permanente interacção com as novas tecnologias, de tal forma que um “rato”, um telemóvel, um computador… são como que extensões integrantes dos seus membros, dos seus corpos.
Para as bibliotecas, isso significa um repensar dos espaços, dos equipamentos e dos materiais, dos serviços que presta, do próprio tempo, das suas responsabilidades, designadamente, a de salvaguardar as obras e autores originais, das relações que estabelece, de “open access”, fazendo chegar o conhecimento a todo o ser humano… a tal “biblioteca de Babel” inteiramente digital… mas porquanto, e como diz Fiolhais, as bibliotecas modernas são híbridas, “mostrando livros tradicionais em papel que importa preservar e, ao mesmo tempo, sítios no ciberespaço, permanentemente acessíveis, com e sem fios”.
No entanto, no contexto da WEB 2.0 e nos dias que correm na sociedade do conhecimento, o facto é que a biblioteca tal como a conhecemos está a mudar: assume-se cada vez menos como um centro de recursos e cada vez mais como centro de aprendizagem e de conhecimento ao serviço dos seus utilizadores. Assistimos, essencialmente, a uma mudança de atitude. E alguns conceitos chave caracterizam esta nova biblioteca: proactiva, centrada no utilizador, socialmente rica e inovadora, baseada na interacção com a formação de comunidades em torno de temáticas comuns.
Nós, professores bibliotecários que lidamos todos os dias com a biblioteca, não poderemos ignorar estes factos. Não poderemos ignorar que temos na mão um poderoso meio de promoção da literacia da informação e de desenvolvimento e aprofundamento de competências e funções. Saibamos utilizá-lo dinamicamente.
Z.L.